poliTICs 36 - Editorial

Esta edição da poliTICs é dedicada aos novos desafios resultantes do avanço da inteligência artificial generativa (IAG). Graciela Selaimen, criadora da poliTICs, nos honra com a coedição deste número.

Um texto introdutório de Carlos A. Afonso faz uma rápida revisão histórica sobre o próprio conceito de inteligência artificial e uma análise dos possíveis impactos culturais, sociais e políticos das inúmeras variantes da IAG.

Publicamos também uma análise de Naomi Klein sobre as implicações amplas do advento da IAG, destacando quatro ilusões (as “alucinações” mencionadas pelos próprios criadores desses sistemas): a IAG resolveria a crise climática; a IAG traria sabedoria à política; os gigantes da tecnologia não quebrarão o mundo; a IAG nos libertará do trabalho penoso.

Trazemos ainda o provocativo (e por que não dizer, irreverente) texto de Cory Doctorow, que analisa o caso específico do envolvimento arriscado do Google com a IAG na esteira das iniciativas da Microsoft, Apple e Meta.

O texto de Claire Wardle descreve os resultados de pesquisa de sua equipe com uma amostra de 20 milhões de mensagens do Facebook, Instagram e Twitter, sintetizando em quatro componentes as ações derivadas de uma visão mais ampla e integrada de como e por que as informações circulam. A autora procura esclarecer as supostas diferenças entre informação errada, desinformação e informação maliciosa, do ponto de vista das pessoas que buscam informações e reagem a elas de várias formas em suas expressões nas redes sociais.

Reproduzimos também o texto do professor César Rodríguez-Garavito, que expõe os resultados de testes com o ChatGPT e resume: “a inteligência artificial generativa pode aumentar a desinformação e as mentiras online, mas também ser uma formidável ferramenta para o exercício legal da liberdade de expressão; pode proteger ou minar os direitos de migrantes e refugiados, dependendo se é usado para monitorá-los ou para detectar padrões de abuso contra eles; e pode ser útil para grupos tradicionalmente marginalizados, mas também pode aumentar os riscos de discriminação contra a comunidade LBGBTI+, cujas identidades fluidas muitas vezes não se encaixam nas caixas algorítmicas de AIs.”

A poliTICs também publica o estudo de caso crítico de Tomás Balmaceda, Karina Pedace e Tobias Schleider sobre a iniciativa do governador de Salta, Argentina, de solicitar à Microsoft uma plataforma de IA para, segundo, ele, “prevenir a gravidez na adolescência usando inteligência artificial com a ajuda de uma empresa de software de renome mundial”. Os autores descrevem mais um exemplo confirmando que “não existe 'IA objetiva' ou IA que não seja contaminada por valores humanos”, exemplificando com um revelador isomorfismo entre O Mágico de Oz e a condição inevitavelmente humana da IA.

Boa leitura!

 

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